terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vacina de açúcar para resistir a temperaturas tropicais

Universidade de Oxford desenvolve novo método para transportar fármacos.

As vacinas do futuro poderão ser como dar um rebuçado a uma criança. Segundo uma equipa de investigadores da Universidade de Oxford (Reino Unido), o fármaco não necessitaria de refrigeração e apenas custaria uns cêntimos.

Segundo Matthew Cottingham, investigador britânico, estas vacinas poderiam aguentar temperaturas tropicais até 45º Centígrados, durante seis meses – o que seria um importante contributo para o tratamento da Malária, por exemplo. Antes de salvar os infectados é necessário proteger os vírus modificados, que portam a imunização e caso não exista um frigorífico, não haverá vacina que resista.

Nos países africanos e asiáticos, as altas temperaturas representam um problema e por isso, o fármaco escasseia rapidamente ou, em caso de garantirem refrigeração, “o preço sobe até 20 por cento”, segundo a Organização Mundial de Saúde.

A novidade baseia-se na sacarose, do açúcar normal usado para adocicar o café, e num outro composto do mesmo género, a trealose (um dissacarídeo). Cottingham e a sua equipa experimentaram misturar as substâncias com dois tipos de vírus usados em vacinas. Posteriormente, esperaram que esta repousasse e que a água evaporasse por completo, de onde resultou um cristal sólido de açúcar que contém o vírus imobilizado.

É só juntar água!

“O cristal pode ser empacotado e enviado para qualquer parte do mundo e uma vez chegado ao destino é só juntar água para obter a solução”, contou o investigador. Mesmo que passem seis meses e que a temperatura suba até aos 45º Centígrados, “a vacina continuará eficaz e se o termómetro apenas subir aos 37º, poderá aguentar um ano”.

Cottingham assegura que o sistema poderá funcionar com actuais vacinas para o sarampo e a febre amarela. Contudo, o objectivo é criar uma nova geração de fármacos contra a malária, sida e tuberculose. Muitos destes tratamentos incluirão adenovírus e o chamado ‘poxvírus’ para a inoculação.

A equipa recebeu uma verba de dez milhões de dólares (7 370 826 euros) da Fundação Bill e Melinda Gates, para desenvolver o estudo, que se prevê estar pronto em cinco anos.

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